Eu provei do amargo. De todos os tipos. Ainda provo todos os dias. Mas parece que a cada tempo aparece um novo tipo de amargo mais destruidor e viciante. É possível dizer isso? Estar viciado num círculo de amarguras e incertezas (que no final viram certezas)? É possível dizer que eu luto para ter novamente o doce, mas parece que o amargo não sai dentro de mim?
Pode-se dizer que todas as vezes é como um abismo? Que as lutas diárias são motivos para continuar novamente na ponta desta queda? Deste alto prédio onde decido pular todas as vezes que estou prestes a ser salva. Mas por que?
Por que sinto a necessidade de construir um mundo de pensamentos e determinados "Fim" dentro de mim? A minha alma parece tão fraca. E é completamente estranho falar de alma. O que é, afinal, a alma?
Será que tudo isso é pela minha falta de fé? Em mim? Em Deus, nas pessoas?
É tão estranho; eu fugi tanto de complicações e elas apareceram. Umas por minha culpa. Mas o sentimento do amargo parece que me domina. Me faz sentir prazer. Porque o doce nunca me foi tão difícil. O doce parece algo em que eu deva morrer para conseguir. Devo ser capaz de obtê-lo e ser merecedora.
Me lembro quando (até que lembro) quando as coisas eram mais fáceis. De quando eu não pensava muito e as coisas vinham naturalmente. A minha mente funcionava em prol ao bem estar, a felicidade e a fé. Por algum motivo eu perdi. Por ser fraca, por ser influenciável... enfim. Mas eu me lembro quando era tudo mais simples de resolver. E por um tempo foi assim... e foi fácil.
Não digo que foi ruim, mas a queda me ajudou mais. É estranho falar isso? Mas todos falam, não é verdade? Que as dificuldades nos ajudam a amadurecer? E até quando vai isso? Até quando os medos e tormentas vão me dominar?
Não queria fazer isso sempre, mas é um vício. Estou tentando me curar. O amargo me deu o vício da vida. Da chuva, dos pequenos momentos e tormentas. Me resguardo na minha solidão por ser um lugar conhecido. Por eu conhecer o caminho. Outros caminhos, se é que conheci, desaprendi como andar. Estradas sem buracos, não me dão segurança.
Deveria ser simples. Eu ando fugindo de complicações. Porque apesar do apego ao amargo, eu realmente quero experimentar o doce. Quero sentir de novo, ou conhecer um novo sabor do que é isso. Aprender de fato a apreciar o sabor deste doce. Deixar esse lar. Mudar de casa.
É triste. É um controle mental absurdo. Dentro de mim este maldito amargo. Correndo entre minhas veias, minhas vontades, meu ser. Como se tudo que eu conhecesse sobre a vida fosse só ele. O resto que passei e que vivi não importa. O amargo me traga diariamente. Se há um dia que não permito isso acontecer, nos dias seguintes ele cai sobre meus ombros e me desmorona. Não sei lidar com ele. Ando tentando. E muito! Mas ele muitas vezes ainda me domina. O caminho que sei é poder deixá-lo me dominar. O que será necessário para fugir desse amargo viciante?
Pode falar isso? É estranho falar que isso tudo parece uma maldita droga? Uma heroína? É pior que qualquer cigarro... como uma doença. A doença de um rebelde sem uma porra de causa. Ou há causa?
O que a instabilidade me trás? Ao invés de mais tempo esperando e mais tempo pedindo por algo maior?
Sou ingrata. E peço perdão as minhas ingratidões. Cometo alguns mesmos erros por medo de cometer outros. Ou por medo de o amargo não me pertencer mais. Por medo desse novo caminho. Mas eu luto por ele, não deveria ter medo, deveria?!
Ele é dominante. Destrói meu corpo, meu coração e minha alma. E alimenta minha colina e abismo, meu lar. Meus pensamentos, minhas angústias. As minhas únicas certezas. O novo caminho chega tão perto. Mas não sei como caminhar, como lidar com esse saboroso doce. Que derrete na boca de tão bom!
Simples.
O doce nunca será tão doce sem o amargo!
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